Sobre o projeto

Vivemos um momento desafiador para a educação. Com a suspensão de atividades presenciais, gestores e educadores, bem como pais e responsáveis, estão à procura de formas de manutenção da comunicação para apoio mútuo e para o ensino. A pandemia do novo coronavirus tornou necessária a adoção de plataformas e serviços na internet visando o seu uso em todos os níveis e modalidades de educação. Na busca por soluções emergenciais, professores e gestores podem se deparar com diversos serviços, sistemas e plataformas muitas vezes “gratuitos”. Então, como escolher qual utilizar ou adotar?

Esse guia tem, como objetivo, apontar um leque de opções e estratégias gratuitas, livres e abertas que podem ajudar os atores escolares, apontando caminhos para estratégias de médio e longo prazo. Focamos em indicar possibilidades de ferramentas, sistemas e plataformas que são apropriadas para pensar em uma Educação Aberta , isto é, uma educação de qualidade, inclusiva e equitativa para todos em tempos de cultura digital. O Guia de Bolso da Educação Aberta é uma leitura rápida e fácil sobre o tema.

Temos muitas informações na página da Cátedra UNESCO em EaD e nos projetos da Iniciativa Educação Aberta (ao lado).


Contexto

A pandemia da COVID19 colocou as tecnologias educacionais no centro das atenções de agências como a UNESCO, além de gestores, professores, pais e responsáveis. Mas, o campo das tecnologias educacionais não é recente – trata-se de uma tendência que vem se acelerando nos últimos anos. Estamos, professores e alunos, cada vez mais conectados e utilizando novas mídias na educação.

Os dados do estudo TIC Educação (CETIC.br), projeto que chega ao seu décimo ano, aponta um crescente uso de computadores e celulares, além da internet, por parte de alunos e professores – inclusive com propósitos educacionais – dentro e fora da escola. Tais dados indicam também que estratégias consideradas importantes no momento da pandemia, como o uso de vídeos e de tutoriais para aprender online, já são prática corrente para docentes.

Segundo o TIC Educação, a porcentagem de professores que utiliza vídeos e tutoriais para aprender sobre computadores e internet cresceu de 59% para 81% entre 2015 e 2019, período pré-pandemia (CETIC.br, 2016, 2019). De forma relevante, 55% dos alunos, em áreas urbanas, já haviam utilizado o celular para atividades escolares e 57% dos professores, também em áreas urbanas, indicaram já ter feito uso da internet no celular para atividades com alunos. Os dados apontam para a crescente conexão e o uso das novas mídias, bem como a maior utilização de dispositivos móveis por parte de alunos e professores. Mas, existem diferentes práticas, barreiras e limitações – um cenário diverso e desigual.

Saiba mais sobre as ações da UNESCO e o monitoramento do impacto da pandemia de COVID-19 em escolas e na educação global.

No início da pandemia, o “aprender em casa” foi logo associado às estratégias de “educação à distância”. A EaD é uma modalidade centenária no Brasil, tendo sua história marcada, no que se refere aos veículos utilizados, pelo material impresso, o rádio ou a televisão, e, no que tange aos modos de aprendizado, por formas comunitárias presenciais (todos ao redor de um rádio, por exemplo) e independentes. Tanto iniciativas públicas quanto privadas investiram em modelos EaD.

Apesar do enorme potencial inclusivo da internet, ficou mais claro, nesse momento, o enorme fosso existente entre os que têm acesso ao mundo digital e condições de utilizá-lo com qualidade e os que não os têm: cenários de exclusão digital e social. Não por menos, houve imediato e renovado interesse na televisão e no rádio como formas mais equitativas de acesso ao conteúdo educacional, o que seria feito em conjunto com serviços disponíveis via internet. Esse momento nos ajudou também a perceber que o “presencial” não é necessariamente uma “melhor” modalidade de ensino, mas é, sobretudo, uma forma de garantia de acesso à educação para muitos alunos.

É importante pontuar a diferença entre os termos. A noção de uma educação a distância como sendo algo oposto à educação presencial perdeu força há algum tempo – particularmente, com a popularização da web. Novos termos surgiram, como “educação híbrida”, buscando mesclar as melhores e mais apropriadas práticas da EaD e do ensino presencial. Apesar da diversidade de usos desse termo, o híbrido remete a um “meio termo” entre dois polos opostos – EaD e presencial. Na prática, quase sempre que alguém usa o termo “educação híbrida” está falando do uso de novas mídias como algo suplementar: o modelo tradicional de educação presencial acrescido de plataformas online [1].


Em relação ao momento presente, para pensar a cultura digital na educação, preferimos falar de uma Educação Aberta. A EA não parte da lógica de supremacia de um modelo (por exemplo, presencial) em detrimento de outros. Atualmente, nós definimos a Educação Aberta como:


Movimento histórico que busca atualizar princípios da educação progressiva na cultura digital. Promove a equidade, a inclusão e a qualidade através de práticas pedagógicas abertas apoiadas na liberdade de criar, usar, combinar, alterar e redistribuir recursos educacionais de forma colaborativa. Incorpora tecnologias e formatos abertos, priorizando o software livre. Nesse contexto, a Educação Aberta prioriza a proteção dos direitos digitais, incluindo o acesso à informação, a liberdade de expressão e o direito à privacidade.


Qualquer que seja o modelo – a distância, híbrido, aberto ou outros –, o planejamento precisa ser sistêmico, isto é, levar em consideração vários fatores interdependentes. Além disso, precisa também ser sistemático – pensado passo a passo – para que possa ser feito com qualidade. Isso é muito diferente do uso pontual ou emergencial de ferramentas para comunicação e informação, que vem a ser o cenário que estamos vivendo. Explorar ferramentas e plataformas hoje, no entanto, pode influenciar uma estratégia de médio e longo prazo para uma Educação Aberta. As decisões que estamos tomando, nesse momento, com relação às tecnologias que utilizamos e oferecemos aos nossos professores e alunos, têm implicações importantes para o futuro da educação. Elas geram compromissos, contratos, fidelização de alunos, controle sobre dados e outras questões importantes! Pensar e adotar o modelo Livre e Aberto, a partir da tecnologia, é um comprometimento ético com a educação.

[1] SCHIEHL, E. P.; GASPARINI, I. Modelos de Ensino Híbrido: Um Mapeamento Sistemático da Literatura.


Este site é resultado de uma cooperação com a UNESCO como parte do contrato ED00283/2020. Veja a nota jurídica (em inglês). A UNESCO não garante que as informações, os documentos e materiais contidos em seu site sejam completos e corretos e não será responável por quaisquer danos sofridos como resultado de seu uso.


Política de acesso à informação da UNESCO. Política de privacidade online da UNESCO. Termos de uso do nome e da logo da UNESCO.

Esta é uma realização da Cátedra UNESCO em Educação a Distância como parte da Iniciativa Educação Aberta. Trabalhamos para promover o conceito de Educação Aberta, que, dentre outros princípios, tem, como imperativo ético, pedagógico e técnico a defesa do software livre.

Conteúdo e diagramação por Prof. Dr. Tel Amiel.